sábado, 29 de março de 2008

A ÁGUIA E A GALINHA

A ÁGUIA E A GALINHA
Era uma vez um camponês que apanhou um filhote de águia. Colocou-a no galinheiro, junto com seus habituais moradores. A águia se transformou, aparentemente, numa galinha.
Um dia, o camponês recebeu a visita de um naturalista que conhecia os hábitos das águias, o qual disse a ele:
- Essa aí não é uma galinha.
O camponês falou:
- É águia, mas eu criei como galinha. Dei a ela a mesma comida que dei às galinhas e lhe ensinei a ser como galinha. Não aprendeu a voar. Porta-se como galinha, portanto, não é mais águia.
- Todavia – insistiu o naturalista – ela é e será sempre uma águia. Tem um coração de águia. E esse coração um dia a fará voar às alturas.
Depois de discutir um pouco mais, os dois homens concordaram em averiguar se era possível para a águia aprender a voar. O naturalista a pegou em seus braços, suavemente, e lhe falou:
- Já que você de fato é uma águia, pertence ao céu e não à terra, então, abra as suas asas e voe!
A águia se sentia confusa. Não sabia quem era ela. Ao ver as galinhas comendo, saltou e se reuniu de novo com elas.
Sem desanimar, no dia seguinte, o naturalista levou a águia até o telhado da casa e a animou, dizendo:
- Já que você é uma águia, abra as suas asas e voe!
A águia, porém, tinha medo do seu eu e do mundo desconhecido. E saltou mais uma vez em busca da companhia das galinhas.
No terceiro dia, o naturalista se levantou bem cedo, tirou a águia do galinheiro e a levou para uma montanha. Ali levantou-a para o alto ordenando:
- Águia, já que você pertence ao céu, abra as suas asas e voe!
A águia olhou ao redor. Tremia como se experimentasse nova vida. Mas não voou. Então o naturalista levou-a na direção do sol. A ave abriu lentamente suas potentes asas e, finalmente, com um grito triunfante, voou céu afora.
É possível que a águia se lembre das galinhas com saudades. Talvez volte para fazer uma visita ao galinheiro. Mas todos precisam saber: a águia nunca mais voltou a viver a vida das galinhas. Sempre foi uma águia, mesmo mantida e domesticada como galinha.
(James Aggrey)

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